Dizemos no plural porque “uma escola” não é só mais uma, e em cada escola há vários professores, que não são diferentes apenas em aparências, vestires e pensares... são únicos como indivíduos, histórias de vida, saberesfazeres. Também os alunos são indivíduos com subjetividades diversas, e em suas interações diárias os jogos de poderes que emergem no cotidiano não são iguais aos de qualquer outra sala, mesmo que na mesma escola, série e com os mesmos professores.
No entanto, usar a forma plural dos substantivos e adjetivos não é o suficiente. Cada vez que dizemos “as escolas públicas são”, “os alunos carentes são”, “os professores são/fazem”, “as escolas particulares têm”, “as universidades fazem”... a generalização está presente, é um plural gramatical com reflexo de singular semântico. Trocar os termos e manter a linha de raciocínio que usamos para pensar nossas idéias mantém a limitação do discurso.
Precisamos ampliar os sentidos semânticos atribuídos ao que pensamos e dizemos, pensar de forma problematizadora da realidade, questionar as verdades, as máximas e até as exceções, porque toda exceção pressupõe uma unanimidade, que na verdade é também uma invenção. Tentemos, então, ampliar nossos sentidos de realidade, nossa percepção dos cotidianos e dos saberesfazeres.
Para ler e pensar:SANTOS, Boaventura de Sousa. A Crítica da Razão Indolente. Contra o desperdício da experiência. 7.ed. São Paulo: Cortez, 2009.