segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Curriculando

Pensando o currículo em uma perspectiva que o considere a partir das ações e movimentos que o produzem, podemos passar a pensar o "curricular" como um verbo, denotando seu sentido de ação, que sobrepõe o engessamento nominal... A partir dessa idéia partimos de uma pergunta simples sobre os cotidianos nas salas de aula de diferentes professores de língua estrangeira para pensar como coisas simples podem ser feitas de formas diferentes e vistas sob perspectivas diferentes... Um vídeo curto,  ficando ao final a pergunta para pensarmos como responderíamos e, por que não, por que assim o faríamos?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Um sujeito complexo dentro da emersão de um novo paradigma ou 'Quem seremos nós?'

Pensando o ser pesquisador dentro do paradigma da modernidade, em uma fase de emersão de um novo paradigma, me sinto como um adolescente no auge de sua fase rebelde que ainda vive na casa dos pais (um casal rígido e conservador) e é sustentado pelos mesmos.

As verdade absolutas que são apresentadas pelos mais velhos e que ele deveria seguir parecem existir, em grande parte, para serem contestadas e as justificativas axiomáticas põem em dúvida, do ponto de vista do adolescente, a própria lógica que as elaborou: Como podem meus pais ainda pensar assim? Não vêm como tudo está mudando? Não percebem que esses conceitos não dão conta de explicar ou controlar tudo o que acontece comigo?

Em ímpetos de fúria e revolta, o jovem bate portas, grita e promete a si mesmo que assim que possível sairá de casa. Vivendo sozinho, pensa ele, poderá fazer o que quiser, como e quando quiser, mas quando chega o grande dia de sua mudança, organiza a mala enrolando as roupas, como sua mãe disse que seria melhor (porque economiza espaço), pede ao pai uma carona até o novo endereço e lá, livre de qualquer controle, coloca as roupas no guarda-roupas seguindo uma lógica extremamente similar à que sua mãe usava: meias ficam em gavetas, roupas de sair nos cabides (para não amarrotar), roupas de cama e banho devem ter um local específico...

Ao olhar para o antes e depois de deixar a casa dos pais o adolescente se pergunta até que ponto realmmente mudou, olha para o mundo e percebe que, embora o veja como um adulto independente, ainda não tem certeza do que fazer, e o caminho mais fácil e seguro parece insistir em ser aquele que seus pais traçaram, mesmo quando não acredita na premissa que o justifica. Viver as experiências de uma forma mais livre de pré-conceitos e verdades absolutas parece-lhe um desafio que tanto assusta quanto motiva, levando a seguir um caminho que ainda não sabe onde vai dar.

PARA LER E PENSAR:


SANTOS, Boaventura de Sousa. A Crítica da Razão Indolente. Contra o desperdício da experiência. 7.ed. São Paulo: Cortez, 2009.

sábado, 3 de setembro de 2011

A rotina... ou Há rotina?

Pensando o texto “Experiência e Paixão” de Larrosa (2004) nos últimos dias estive analisando meu dia-a-dia como professora. Após seis anos na mesma instituição e dois utilizando o mesmo material didático ainda me surpreendo com coisas triviais que acontecem em “uma aula qualquer”.

As descobertas e conclusões que cada aluno tira de um mesmo texto (enquanto ressignifica para si aquilo que é apresentado para todos da mesma forma) sempre me encantaram. É um “descobrir onde o texto me toca” constante, como no caso dos temas para debates que resultam em discussões completamente diferentes dependendo de quem participa delas.

Nessa reflexão também percebi que não me lembro como uma ou outra turma reagiu a determinado texto ou tema e percebi que não é porque não tenha feito isso com eles, é simplesmente porque a experiência não me tocou. Talvez pelo cansaço ou por estar pensando no que teria que fazer depois da aula ou no que deveria ter feito antes dela... eu vivi aquele  momento mas nada se passou comigo durante ele.

É curioso perceber isso e ver que nas aulas das quais me lembro há sensações, risos, desconfortos ligados a essa memória, há uma paixão fluindo e em vários sentidos. Há a paixão dos falantes pelo que defendem, há o sentimento passional daqueles que se sentem ofendidos ou atacados por outros pontos de vista, há a paixão pelo domínio do novo idioma sendo estudado, há paixões e atrações entre alunos, e muitos outros sentimentos que vêm com isso.

Esse sentir o momento parece tornar a experiência muito mais significativa. A partir dele estamos realmente vivendo o fato, algo realmente se passa conosco, não passamos por algo.

No contexto escolar isso pode ser uma chave que abra portas para novas experiências que permitam a percepção do dia-a-dia de forma diferente. Não há rotina se a cada hora estamos em uma turma diferente e se estamos na mesma turma o tema é diferente e se o tema é o mesmo a discussão não o é.

Abrir os olhos para uma ampliação da experiência, como educadora pode nos  permitir descobrir novos caminhos, novas soluções, novos jeitos de fazer e de se fazer no cotidiano que aos poucos inventamos e calcificamos em fórmulas de ensino e planos de aulas prontos e imutáveis, como se fossem remédios receitados – sempre os mesmos para as mesmas causas.

Penso (pelo menos até terminar de escrever estas linhas, porque talvez ao relê-las minha vivência e visão já sejam outras), a partir desse texto, que o permitir-se viver e ser tocado em cada momento do dito cotidiano é se dar a oportunidade de realmente experimentar e se o fazemos podemos conhecer de outras formas e via outros sentidos. Talvez esses outros conheceres possam também nos oferecer outros saberes e potencializar novos planos, novas aulas, novas formas de fazer e viver o processo de ensinar-aprender.
Para ler e Pensar:
LARROSA, Jorge. Linguagem e educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.