Este artigo foi motivado por uma onda
de comentários, paródias e piadas que invadiram redes sociais, produções
midiáticas e conversas cotidianas no final do mês de maio de 2012 sobre temas
ligados à violência contra a mulher, papel de gênero feminino e direito ao
discurso a partir de dois eventos daquele mês. O primeiro foi o depoimento da
apresentadora de televisão Xuxa a um telejornal de grande audiência em rede
nacional, em que declarou ter sido vítima de abuso sexual durante sua infância.
O segundo evento foi a Marcha das Vadias, uma manifestação de repúdio à
violência contra a mulher que aconteceu em diversas cidades do país e do mundo.
As diversas produções midiática e comentários postados em redes sociais e
vídeos ligados a esses eventos tomaram como temas chave questões ligadas à
veracidade de denúncias de abuso feminino, supostos interesses outros daquela
que declara ter sido abusada, neste caso uma celebridade, comportamentos
femininos que “provocam” estupros e são considerados adequados ou não, direito
à denúncia relacionado ao delatar o autor e ao tempo transcorrido a partir da
violência sofrida, dentre outros. Buscamos problematizar a situação imagética
do ser mulher na sociedade brasileira e os efeitos de discurso que esta provoca
enquanto pedagogia pública (Giroux, 2011) a partir de uma leitura crítica de
comentários a vídeos postados no YouTube por anônimos e outros feitos na mídia
por jornalistas e celebridades tanto narrando ou parodiando, quanto comentando
estes fatos. Com essa leitura crítica podemos perceber indícios de crenças
sobre papéis femininos e não-femininos, que entrecortam narrativas
potencializadoras de valorização ou descrédito da voz feminina e da luta pelos
seus direitos, em prol de uma manutenção do status
quo heteronormativo. A partir dos Estudos Culturais e da teoria crítica,
percebemos o discurso midiático enquanto aparato cultural constituinte de um
currículo social negociado pelos sujeitos a partir de seus saberesfazeres,
sendo utilizado tanto para conformar o que parece um efeito hegemônico de verdade
quanto para questioná-lo e desconstruí-lo.
Palavras-chave: Estudos Culturais;
Currículo; Pedagogia Pública; Narrativas femininas.
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